Apurado pelo site Observador 🇵🇹
Publicação que se tornou viral alega que Portugal é o segundo país com maior percentagem de população LGBTQIA+. Mas será verdade?
Publicação que se tornou viral alega que Portugal é o segundo país com maior percentagem de população LGBTQIA+. Mas será verdade?
A 3 de agosto deste ano começou a circular uma publicação no Facebook em que se alega o seguinte: “Somos o 2.º país do mundo com maior percentagem de população LBTQI+”. O autor não partilha mais nenhuma informação adicional sem ser um gráfico com percentagens de vários países. A suposta fonte referida é o World of Statistics.
A World of Statistics não é nenhuma instituição credível de base de dados e de análises estatísticas — o que só por si não quer dizer que aqueles dados, à partida, sejam mentira. E, se se pesquisar pelo nome desta entidade, percebe-se que existe uma conta de Twitter que publica estatísticas sobre vários assuntos, desconhecendo-se, no entanto, parâmetros importantes, como a amostra.
No gráfico em concreto que surge com a publicação em análise é possível ver que, por exemplo, o México leva o primeiro lugar de países, tendo supostamente 12% da “população adulta se identifica como LGBTQI+”. Portugal vem logo a seguir, no segundo lugar, com quase 10%. Ao fazer uma pesquisa pelos vários países, muito diferentes em relação à legislação, estigma social e direitos desta comunidade, é possível encontrar percentagens diferentes da que é referida no gráfico em análise.
Se olharmos para o caso português, é difícil encontrar uma base de dados oficial sobre o tema, o que acaba por não permitir comprovar a estatística referida no gráfico. Aliás, como fora noticiado por alguns meios de comunicação social portugueses, as pessoas lésbicas, gay, bissexuais, “trans” ou intersexo não tiveram qualquer opção nos Censos de 2021 para poderem identificar-se devidamente. Várias associações ligadas à comunidade LGBTQIA+, como a Ilga Portugal, insurgiram-se, na altura, com críticas aos referidos inquéritos. “O único levantamento que é feito é através do estado civil em que vive o agregado, nada mais. Isto é um levantamento estatístico muito parco, que fica muito àquem da real caracterização no nosso tecido social”, alegou ao Público Marta Ramos, diretora da Ilga Portugal. Também Rosa Monteiro, ex-secretária de estado para a Cidadania e Igualdade, entre 2019 e 2022, contactada pelo Observador para este fact check, corrobora que, de facto, “não existe uma recolha sistemática desses dados nos Censos”…
Veja a apuração completa no site Observador 🇵🇹