Verificado: A urna eletrônica brasileira foi invadida por hackers nos Estados Unidos?

Apurado pelo site E-Farças

Um trecho do depoimento de um influenciador português, gravado no Senado Federal, começou a se espalhar nas redes sociais no final de abril de 2024, e traz uma acusação muito grave. Segundo o homem que aparece no vídeo, as urnas eletrônicas brasileiras teriam sido invadidas por hackers em poucos minutos, durante uma convenção de hackers realizada em Las Vegas (EUA) em 2019, e que a rede Globo teria noticiado esse fato sobre a fragilidade da segurança do nosso sistema eleitoral!

Será que isso é verdade?

Procurando pela origem do vídeo do qual foi extraído esse trecho, chegamos à participação do português autointitulado jornalista Sérgio Tavares, em audiência ocorrida no dia 23 de abril de 2024 no Senado Federal. Na ocasião, ele falou aos senadores sobre sua detenção no dia 25 de fevereiro, no Aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo. Segundo Tavares, sua prisão teria sido motivada pelas suas críticas à suposta fragilidade da segurança das nossas urnas eletrônicas:

Apesar da Globo ter realmente apresentado uma reportagem sobre um congresso hacker que teria invadido urnas eletrônicas nos Estados Unidos, o caso ocorreu em 2017 e as urnas invadidas eram norte-americanas. Muito diferente do equipamento usado pelo Tribunal Superior Eleitoral no Brasil.

A 25ª edição da conferência de hacking Def Con reuniu, em 2017, diversos especialistas em segurança digital para testar a segurança dos equipamentos eletrônicos usados nas eleições norte-americanas. Nessa convenção, os hackers presentes levaram cerca pouco mais de 1h30 para burlar os equipamentos. 

Os estados norte-americanos utilizavam 30 modelos de urnas eletrônicas em 2017 para computar votos, e dessas, foram testadas os modelos Sequoia AVC Edge, ES&S iVotronic, AccuVote TSX, WinVote e Diebold Expresspoll 4000. É importante ressaltar que nenhum desses aparelhos eram brasileiros ou foram usados nas eleições no Brasil.

O Tribunal Superior Eleitoral enviou dois técnicos da sua Secretaria de Tecnologia da Informação para a Def Con de 2017 para que eles pudessem acompanhar de perto os testes de invasão na conferência hacker. Os profissionais relataram que os problemas encontrados nos equipamentos norte-americanos foram:

Diferente do que acontece nos Estados Unidos, as urnas utilizadas nas eleições brasileiras não possuem nenhuma conexão externa. Funcionam 100% do tempo desconectadas da internet ou de quaisquer outras redes. Além disso, o TSE está sempre investindo em novas camadas de segurança a cada novo pleito, sempre com a participação de diversos órgãos e da sociedade.

O Tribunal Superior Eleitoral fez um vídeo explicando novamente a verdade sobre o evento hacker ocorrido em 2017:..

Veja a apuração completa no site E-Farças