Apurado pelo site Aos Fatos
Publicações que circulam nas redes enganam ao usar dados gerais de homicídio contra mulheres para negar que o número de feminicídios cresceu no governo Bolsonaro. A comparação é incorreta, porque a estatística de feminicídio, tipificado no Código Penal como o assassinato de mulheres motivado por questões de gênero, cresceu desde 2016, início da série histórica. Já o total de homicídios, que agrega aos dados de feminicídio os assassinatos por outras causas, diminuiu. Esses posts sobrepõem os dados incorretos a um vídeo em que a apresentadora Xuxa Meneghel faz críticas ao ex-presidente.
Publicações com o contexto enganoso acumulam milhares de compartilhamentos no Twitter e centenas de compartilhamentos no Facebook. Os posts também circulam no WhatsApp, plataforma em que não é possível estimar o alcance exato.
Posts nas redes têm feito uma comparação incorreta para rebater críticas de Xuxa Meneghel sobre casos de violência contra a mulher no governo Bolsonaro. Para alegar que ela mentiu ao dizer que a taxa de feminicídios cresceu nos últimos anos, bolsonaristas compartilham números gerais de homicídios contra mulheres. O argumento não se sustenta porque o feminicídio é uma forma qualificada de homicídio motivado por questões de gênero, e esses dados não podem ser usados em contraposição aos números gerais.
O feminicídio foi tipificado como crime em 2015 pela lei 13.104. Segundo explicou ao Aos Fatos a mestre em Direito e Processo Penal Marcelle Tasoko, o crime, considerado hediondo, é um qualificador do homicídio comum — ou seja, um elemento que agrava a pena por assassinato…