Como tem sido lidar com familiares fanáticos? 

Postado via Twiiter por @OliverStuenkel

Desde a posse de Lula, há duas semanas, vários amigos me procuraram para falar sobre familiares de mais de 70 anos que estão apavorados porque esperam um golpe comunista. O fato é que nem todos eles são apoiadores de Bolsonaro.

Em um caso, o pai de um amigo afirma ter ouvido do gerente de conta do banco que não deveria guardar dinheiro na conta corrente porque, supostamente, havia grande risco de o governo Lula congelar as contas.

A mãe de outra amiga, uma empresária bem-sucedida de 72 anos que lê jornal e não adota posições políticas radicais (votou em branco inclusive), acredita que todo mundo com apartamento maior que 70 metros quadrados será obrigado a dividi-lo com outras pessoas.

Esses amigos expressaram preocupação de que esse tipo de delírio afete o bem-estar de seus pais, como insônia e solidão.

Todos eles estão sendo inundados por notícias falsas no Whatsapp ou Telegram, diariamente, e a maioria parece imune a argumentos racionais.
Isso, sem dúvida, reflete os efeitos corrosivos que as notícias falsas causam em todos os níveis da sociedade.

É importante ter em mente que as notícias falsas têm o potencial, não só de radicalizar grupos específicos, como os que invadiram o Congresso, mas também de gerar ansiedade e medo em uma escala gigantesca, afetando toda a sociedade.

É fácil rir desses casos, mas eles causam um imenso sofrimento. Alguns dizem que é como se a pessoa que eles conheciam não existisse mais. É difícil não sair dessas conversas com a sensação de que algo está profundamente errado na maneira como abordamos esse problema.

Várias pessoas reagindo aqui dizendo: “Mas Lula foi presidente de 2003 a 2010, como alguém pode pensar que ele é comunista?”
Isso só prova o quanto essas pessoas foram colocadas em um universo paralelo.

Postado via Twiiter por @OliverStuenkel